O Brasil e o mundo se preparam para a era dos carros elétricos. Mas eles vão exigir nova infraestrutura de postos - nos quais seja possível recarregar energia elétrica, e não mais gasolina ou álcool. No futuro, quase todos os carros vão ser movidos a eletricidade de fontes solares, eólicas ou hidráulicas. Os veículos elétricos vão se deslocar em silêncio e sem escapamento. As importações de petróleo e as emissões de gases vão diminuir, assim como as névoas de poluição. Pelo menos é o que muita gente espera. Mas antes será preciso resolver problemas práticos. Por exemplo, onde é que esses carros vão se reabastecer?
No Brasil, há veículos elétricos da Fiat rodando em Itaipu, e São Paulo pode ser a primeira cidade a receber a novidade em escala. No mundo todo, entre 2010 e 2012, a indústria automobilística pretende colocar no mercado dezenas de modelos com baterias recarregáveis. Veículos híbridos, que contam com um motor a gasolina que começa a funcionar depois de 65 quilômetros rodados, terão de passar até oito horas sendo recarregados se plugados a uma tomada comum de 120 volts. Alguns modelos 100% elétricos, cujas baterias maiores permitem autonomia de 160 a 320 quilômetros, precisarão de dez a 12 horas para recarregar. As residências com circuitos de 220 volts reduziriam pela metade o tempo de tal tarefa - que poderia ser feita à noite, quando as tarifas são mais baixas. Mesmo assim, para que as pessoas adotem carros elétricos, é preciso que haja uma rede de postos acessível aos cidadãos que precisam recarregar o carro nas idas e vindas ao trabalho e aos que fazem viagens longas. "Não há como montar uma infraestrutura se não houver carros", diz o americano Art James, do Departamento de Transportes do Oregon. "Por outro lado, ninguém fabricará os carros se não houver uma infraestrutura."
Essa rede já começa a surgir mundo afora, sobretudo onde há empenho dos governos.
Em Israel, por exemplo, um país no qual a gasolina é cara e as distâncias são pequenas, a empresa Better Place instalou mais de mil postos - no próximo ano, ela pretende construir uma malha semelhante em San Francisco, na Califórnia. No esquema da Better Place, a empresa é dona das baterias de lítio-íon dos carros dos clientes. Esses clientes pagam uma taxa de recarga, mesmo quando o fazem em casa. Isso reduz em um terço ou mais o custo inicial do veículo, mas os clientes têm de comprar automóveis de fabricantes que aceitem usar as baterias da Better Place; até agora apenas a Renault-Nissan se dispôs a isso. No caso de viagens longas por estradas, a Better Place tem planos de construir postos de troca com robôs, que em poucos minutos substituiriam as baterias gastas por outras carregadas.
Outra possibilidade é o futuro como hoje, com os motoristas de vários tipos de carro utilizando diferentes postos. A Coulomb Technologies afirma que poderia instalar postos de recarga de alta velocidade, com sistemas de 440 volts, nos quais os viajantes se reabasteceriam em 20 minutos.
A escala dessa transição é assustadora, e vai exigir o envolvimento de governos e da indústria. Mas também são assustadores o preço elevado da gasolina e o aquecimento global. Segundo Art James, "tudo isso vai acontecer bem mais rápido do que se imagina".
Fonte: Revista National Geographic - Novembro de 2009
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