Nestes últimos dias não foram poucas as pessoas que indicaram que a conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas em Copenhague vai ser bem menos ambiciosa do que gostariam as organizações ambientais. O secretário-executivo da Convenção do Clima, Yvo de Boer, jogou um enorme balde de água fria em entrevista ao New York Times alegando que não haverá tempo suficiente para criar todo um novo acordo que abrigue as metas de redução dos gases de efeito estufa.
Significaria isso que os diplomatas resolveram deixar o planeta assar no forno das mudanças climáticas? Não exatamente. As delegações de todos os países de alguma forma já colocaram na mesa as metas que podem assumir. O Brasil (quem diria) vai aparecer com as suas em breve. Obviamente o tamanho das metas continua sendo a questão central das negociações. Mas para chegar até lá é que está o problema.
Antes de que se entre na discussão dos números, o que está mesmo colocando uma nuvem preta sobre Copenhague, é a estrutura política que vai reger as novas metas. Os países desenvolvidos , liderados pela União Européia, resolveram defender todo um novo acordo, ou seja, tudo que existia dentro do Protocolo de Kyoto deixaria de existir depois de 2012, ou na melhor das hipóteses, algumas das decisões seriam transferidas para este novo acordo.
“Para ser mais coerente, acho que faz sentido ter apenas um acordo que junte todas as maiores economicas do planeta”, defende o analista do Pew Center on Global Climate Change, Elliot Diringer. Isso no entanto não é o que pensam as nações emergentes, que sempre defenderam a negociação de Copenhague em dois trilhos. Ou seja uma conversa sempre dentro do Protocolo de Kyoto, e outra fora, na Convenção da ONU, onde no caso se estabeleceriam novos mecanismos, como a compensação por desmatamento evitado.
Pergunto a Diringer, se isso não vai acabar travando o acordo de Copenhague. Ele diz que a questão é que talvez essa nova estrutura política seja o próprio resultado de Copenhague. O detalhamento das metas só virá mesmo depois. Mas isso não é muito pouco para COPENHAGUE? “Eu nunca esperei muito mesmo”, diz o analista.
Fonte: O Eco
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